quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

About penguins.. again.


E já que toquei no assunto no post anterior, lembrei que eu nunca contei aqui do dia que eu tava voltando de uma noitada no Rio, andando a pé pela orla (de ipanema até o leblon) lá pelas 5 e pouco da manhã, acompanhada somente da namorada de um amigo, que mede 1,52m de altura suicidal way of life e DO NADA vi um filhote de pinguim super cute-cute num balde d'água...

Então.
Foi assim: Eu tava voltando de uma noitada no Rio, andando a pé pela orla (de ipanema até o leblon) lá pelas 5 e pouco da manhã, acompanhada somente da namorada de um amigo, que mede 1,52m de altura suicidal way of life quando assim, DO NADA eu vi um filhote de pinguim super cute-cute num balde d'água... Depois de meia hora fazendo sons típicos de mulheres quando vêem a coisa mais fofa do universo (que dependendo da época do mês e do estado mental da mulher em questão pode ser QUALQUER coisa) a gente seguiu nosso caminho.

Mas a questão é: Como assim? Qual a chance? Um pinguin? Do nada?

Enfim.
Algumas das melhores coisas que aconteceram comigo aconteceram no Rio (sim, incluindo fazer carinho num pinguim). E ainda me perguntam "o que tanto eu quero ir fazer lá"...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

... be my penguin?



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A sorte dos dez.

Era engraçado. Tudo o que era diferenta era engraçado. Ela ainda roía as unhas, ainda falava pouco, ainda tinha vergonha, mas não usava mais Melissa. Usava um tênis com uma sola gigante, tinha vergonha dele também.

Mas aí ela chegou. Toda diferente, mas com um tênis igual. No walkman, os mesmos ídolos. O ésse era xis, mas quem se importa? Ela entendia o incômodo daquela sola tosca. Talvez pelo desajeito de usarem o mesmo tênis os pares de pés nunca se deram muito bem... Se chegarem perto demais, plaft. "O de cima é meu, pô!" Sempre é.

Garota Via Uno, que saudade de você. Tô de volta, por completo, com mais 10 e mais uma letra que só você respeita. Só você entende a simetria e as citações. Só você entende o teatro dos vampiros, e a agenda que até hoje não empoeirou.

Guardo pulseiras, presilhas de cabelo, desenhos, convites à missa de sétimo dia de bichos "de estimação". Eu guardo os anéis, contrariando o "ficam os dedos". Navarro no violão, ninguém entendia. De Pink Floyd à Kiko... bem, eu nunca soube escrever Zambiancchi. A gente entendia.

Meu nome não merece essa homenagem. Sou pouco. Sou um livro de quotations e cafés imaginários. Sou a paixão por você. Sou o paradoxo, o simples, o branco, o liso, o alérgico, o desastrado, o medo de olhar dentro da caixa azul.

Você é a mão estendida. O complicado fascinante, a cor de jambo, a rena, o cacheado, o saudável, o ousado, o GRITO! Grita comigo!

(...)

E elas se completavam, simples assim.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

I hope you're proud up there, dad.

Ela tinha sete anos. Falava alto demais, era desajeitada e sozinha. Lia no recreio (sempre Bruxa Onilda, sabia de cor). Usava Melissa. Na época todo mundo usava Melissa e consequentemente ficava todo mundo com o pé preto; ela tinha vergonha do pé preto. Tinha vergonha de um monte de coisas; entendia quase nada...

Um dia a "tia" chegou na sala de aula com uma caixa nas mãos. Não ia ter ditado, nem teste de fatos, nem desenho pra colorir e colar no envelope de provas; ia ser um dia diferente. A tia se chamava Teresa e equivalia, pra ela e pra toda a garotada, à Professora Helena.

A tia Teresa era uma tia típica de primeira série: chamava os pais de "pai" e as mães de "mãe", conversava com quem chorava porque não tinha mais a esteira da soneca, e tinha uma paciência que só. A tia Teresa estava lá, colocando a caixa em cima da mesa, olhando a turma de rabo de olho, atenta aos rostinhos de interrogação que via nos pequenos. A caixa era uma caixa azul, parecida com uma caixa de sapato, tampada.

Pegando um giz, fazendo-se de desentendida, Teresa ia colocando a data no quadro negro, como fazia todos os dias. Deu boa tarde, ajustou a setinha no relóginho do tempo para "nublado" e ia continuando o ritual diário até que a notou com a mãozinha levantada. Deixou-a falar.

- Tia, o que tem dentro da caixa? - ela perguntou.

A tia olhou pra caixa azul, despretenciosamente.
- O quê? Aquela caixa?

- Uhum. O que tem dentro dela?

E com um tom de "suspense-super-legal", a professora respondeu:
- Ali dentro tem a coisa mais importante do mundo!

Pronto! A garotada empolgada começou a tentar adivinhar e perguntar e rir e falar e pedir pra ver... Nossa! Uma confusão. E então a tia fez um acordo: se todo mundo ficasse quietinho e prometesse não contar pra nenhum colega o que visse dentro da caixa, ela deixaria um por um ir até a mesa e olhar - com muito cuidado! - o que era de tão especial que cabia ali dentro.

Ela dizia: "Não existe nada mais importante e especial do que o que vocês vão ver na caixa. O que tem ali dentro pode mudar o mundo!"

E uma por uma as crianças foram em direção à caixa azul. Elas abriam cuidadosamente o cantinho da tampa e cada uma fazia uma expressão de surpresa maior que a outra quando viam o que havia dentro. Voltavam quietinhas pros seus lugares, algumas com a mãozinha na boca tentando disfarçar uma risada. E a tia Teresa observava de longe o semblante de cada uma delas ao abrir a caixa.

Veio sua vez. Ela ficou parada, olhando praquela caixa de papelão, roendo as pequenas unhas num misto de medo e excitação. Não sabia se queria abrir a caixa. Podia ser qualquer coisa ali dentro! E uma coisa tão importante jamais caberia numa caixa de sapatos. As outras crianças da fila a mandavam andar logo mas ela não saía do lugar. Tia Teresa veio, abaixou-se ao seu lado e disse, delicadamente:

- Não precisa ter medo, Anna. Vem ver.

E levantou a tampa da caixa.
A Anna de sete anos deu então dois passos pra frente e inclinou a cabeça pra olhar lá dentro.

(...)

Não sei como pude ter esquecido dessa história em algum momento da minha vida.
Não sei onde voltei a ser aquela criança insegura, que roía unhas e não acreditava em si mesma.

Eu achava que jamais ia sentir orgulho de mim, ou dar orgulho à alguém. Mas ontem, quando li meu nome lá, me lembrei imediatamente do meu rostinho gordo refletido num espelho colado no fundo de uma caixa azul.

Eu senti orgulho. E entendi.

Eu confiei em mim de novo. Parece ridículo, eu sei. Mas é uma vitória. Uma que eu esperei durante muito tempo. Uma que trouxe à tona uma das lembranças mais bonitas da minha infância. Uma vitória que me fez ter sete anos de novo e me sentir - realmente - importante, especial, e principalmente capaz.