Já se passou um bom tempo, mas ainda acho muito válido:
Em janeiro de 2012, os lindos da Revista Um Conto desenvolveram a "Um Troco", uma coletânea de textos recebidos por eles que apesar de não conseguirem entrar nas edições da Um Conto durante o ano, "mereciam ser publicados" (nas palavras dos próprios desenvolvedores). Dentre esses textos, há um conto meu, então estou postando aqui (com apenas um aninho de atraso, rs) o link para a leitura online da revista.
Você também pode fazer o download da revista aqui.
Espero que curtam! :)
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Mais do mesmo.
Parei de escrever porque decidi reconhecer que não sei o fazer lá tão bem assim. Aí vim aqui ver a quantas andava esse blog e dei uma passada pelas minhas postagens antigas. Não sei o que eu senti exatamente; por um lado acho que eu cresci pra cacete, decidi parar de sentir pena de mim mesma e viver a minha vida, sorrir mais (ainda que as circunstâncias não ajudem) etc. Mas analisando os acontecimentos das últimas semanas, acho que eu - na real - não mudei nada. Continuo cometendo os mesmos erros, me comportando como se tivesse quinze anos eternamente, afogando as mágoas no café, nos cigarros, na cerveja, na visão prosaica ali da minha janela... Será que a gente realmente muda, melhora? Ou será a vida é só uma sucessão estranha dos mesmos desconsertos?
(tipo eu aqui, fazendo essa pergunta pra ninguém...)
(tipo eu aqui, fazendo essa pergunta pra ninguém...)
quarta-feira, 24 de abril de 2013
"If I lay here"
(publicado originalmente em março/2009)
Era madrugada, chovia. Os dois sozinhos no andar de cima da casa grande, deitados no colchão coberto por um lençol laranja que contrastava com a cortina verde. Ela não parava de falar e ele ouvia admirado.
Ela levantou num pulo:
- Vamos fugir daqui!
- Fugir pra onde? Tá chovendo.
- E daí? Vamo tomar chuva.
Ele riu. Nem levou a sério. Fez um gesto com a cabeça que dizia "volta pro meu colo". Eram quase três da manhã e ela não queria deitar de novo. Estava sem sono, estava entediada; ela era assim. Começou a trocar de roupa.
- Ei. Onde você vai?
- Vou sair, vou pra europa! Vou pra rua, ver estrelas, tomar chuva.
- Não tem estrelas quando tá chovendo...
Ela fez que não ouviu e desceu as escadas curvas. Abriu a porta e saiu correndo de braços abertos. Louca!
Ele foi atrás, se perguntando o tempo todo o que raios estava fazendo ali. Pensando na gripe que ia pegar, no quanto aquela muher era problema, que tinha que acordar cedo no outro dia... Mas balançou a cabeça de novo (ele sempre balançava a cabeça pra economizar palavras): "já estou aqui mesmo" - pensou. Correu até alcançá-la. Ela já havia parado de correr. Estava só andando e pensando e falando alto.
- Sabe, a gente pode ir pra onde a gente quiser. E se a gente fosse pra Fiji?
Ele, encharcado, tomou fôlego pra responder mas não conseguiu, ela não deixou.
- A gente pode fazer o que a gente quiser, eu e você. A gente não precisa de mais nada nem de mais ninguém. Tá, eu sei que você tá pensando que as coisas não são fáceis assim e bla bla blá, mas são!
Ela sorriu. Antes que ele pudesse articular qualquer palavra ela correu e o beijou. O beijo deles era único. Ele havia sido o primeiro beijo dela. Anos depois, já haviam se encontrado e desencontrado inúmeras vezes - agora, ambos com vinte e poucos anos, ele era um adulto e ela havia se recusado a crescer, mas o beijo ainda era igual.
Ela se sentou no chão; ficou olhando pra cima, pra ele, esperando ele se sentar também.
Sempre que estavam juntos ele se sentia irreconhecível; fazia coisas que ele sabia que jamais faria normalmente- assim, meio contrariado meio não. Parte dele gostava. Mas parte dele sabia que ela ia embora de novo. Ela sempre ia. E essa de aproveitar o momento não era com ele, sabe? Porque o que ele queria mesmo é que ela ficasse pra sempre e o tal momento não fosse tão curto. Sentou-se ao lado dela no meio da rua, debaixo da chuva. Estavam molhados até os ossos.
Ela parecia pensativa.
Ele nunca soube que ela também queria ficar pra sempre. Ela disse:
- Se eu deitar aqui você deita comigo? E a gente esquece o mundo por um minuto, e finge que só existe nós dois.
Ela não sabia dizer o que sentia, nunca soube. Ainda mais ali. Tudo o que ela conseguia ver naquela hora eram os olhos dele, lindos, abaixo da franja molhada de chuva. Ela era complicada demais, ela tinha medos demais. Mas ela sabia. Ela sabia que ele era o tesouro dela pra sempre. E ela sabia que o que eles tinham nunca iria mudar.
Então ela pediu de novo: "Anda, deita comigo."
E se deitaram no asfalto molhado de uma rua deserta qualquer, às três da manhã.
Aquele momento foi eterno.
Era madrugada, chovia. Os dois sozinhos no andar de cima da casa grande, deitados no colchão coberto por um lençol laranja que contrastava com a cortina verde. Ela não parava de falar e ele ouvia admirado.
Ela levantou num pulo:
- Vamos fugir daqui!
- Fugir pra onde? Tá chovendo.
- E daí? Vamo tomar chuva.
Ele riu. Nem levou a sério. Fez um gesto com a cabeça que dizia "volta pro meu colo". Eram quase três da manhã e ela não queria deitar de novo. Estava sem sono, estava entediada; ela era assim. Começou a trocar de roupa.
- Ei. Onde você vai?
- Vou sair, vou pra europa! Vou pra rua, ver estrelas, tomar chuva.
- Não tem estrelas quando tá chovendo...
Ela fez que não ouviu e desceu as escadas curvas. Abriu a porta e saiu correndo de braços abertos. Louca!
Ele foi atrás, se perguntando o tempo todo o que raios estava fazendo ali. Pensando na gripe que ia pegar, no quanto aquela muher era problema, que tinha que acordar cedo no outro dia... Mas balançou a cabeça de novo (ele sempre balançava a cabeça pra economizar palavras): "já estou aqui mesmo" - pensou. Correu até alcançá-la. Ela já havia parado de correr. Estava só andando e pensando e falando alto.
- Sabe, a gente pode ir pra onde a gente quiser. E se a gente fosse pra Fiji?
Ele, encharcado, tomou fôlego pra responder mas não conseguiu, ela não deixou.
- A gente pode fazer o que a gente quiser, eu e você. A gente não precisa de mais nada nem de mais ninguém. Tá, eu sei que você tá pensando que as coisas não são fáceis assim e bla bla blá, mas são!
Ela sorriu. Antes que ele pudesse articular qualquer palavra ela correu e o beijou. O beijo deles era único. Ele havia sido o primeiro beijo dela. Anos depois, já haviam se encontrado e desencontrado inúmeras vezes - agora, ambos com vinte e poucos anos, ele era um adulto e ela havia se recusado a crescer, mas o beijo ainda era igual.
Ela se sentou no chão; ficou olhando pra cima, pra ele, esperando ele se sentar também.
Sempre que estavam juntos ele se sentia irreconhecível; fazia coisas que ele sabia que jamais faria normalmente- assim, meio contrariado meio não. Parte dele gostava. Mas parte dele sabia que ela ia embora de novo. Ela sempre ia. E essa de aproveitar o momento não era com ele, sabe? Porque o que ele queria mesmo é que ela ficasse pra sempre e o tal momento não fosse tão curto. Sentou-se ao lado dela no meio da rua, debaixo da chuva. Estavam molhados até os ossos.
Ela parecia pensativa.
Ele nunca soube que ela também queria ficar pra sempre. Ela disse:
- Se eu deitar aqui você deita comigo? E a gente esquece o mundo por um minuto, e finge que só existe nós dois.
Ela não sabia dizer o que sentia, nunca soube. Ainda mais ali. Tudo o que ela conseguia ver naquela hora eram os olhos dele, lindos, abaixo da franja molhada de chuva. Ela era complicada demais, ela tinha medos demais. Mas ela sabia. Ela sabia que ele era o tesouro dela pra sempre. E ela sabia que o que eles tinham nunca iria mudar.
Então ela pediu de novo: "Anda, deita comigo."
E se deitaram no asfalto molhado de uma rua deserta qualquer, às três da manhã.
Aquele momento foi eterno.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
domingo, 13 de fevereiro de 2011
A Sabedoria de Cartola
❝ Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés... ❞
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés... ❞
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Todo ano tem um seis de janeiro.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
As melhore metáforas, sempre.
"A long December and there's reason to believe
Maybe this year will be better than the last
I can`t remember the last thing that you said as you were leavin
Now the days go by so fast"
Maybe this year will be better than the last
I can`t remember the last thing that you said as you were leavin
Now the days go by so fast"
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
HOJE EU ACORDEI TRI CAMPEÃ!!!!!!!!
Não adianta tentar colocar esse sentimento em palavras.
Diga espelho meu
Se há na avenida alguém mais feliz que eu
❝ O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade.
Tudo pode passar, só o Tricolor não passará, jamais. ❞
Se há na avenida alguém mais feliz que eu
sábado, 10 de julho de 2010
Num espaço de três minutos - III
Eram 16:13 de um domingo frio e não havia nuvens no céu. Ela usava um cachecol vermelho, que parecia ser a única coisa carregada de cor naquela tarde cinza. Havia a xícara de café, metade vazia; havia o esmalte negro, já metade roído; havia o cinzeiro com metade de um cigarro ainda queimando. Nada era completo. Nunca mais seria.
As pessoas passavam pra lá e pra cá ao lado da janela do café, andando sempre muito depressa. Ela inclinava a cabeça para trás, numa tentativa sabidamente tola de fazer as quase-lágrimas voltarem para dentro dos olhos. Não funcionava.
A outra se levantou de cabeça baixa, pensou em pousar a mão sobre a dela, mas achou melhor não. Se virou devagar e com um certo pesar na face, como quem sabia a dimensão da ferida que causava e pedia perdão com o olhar; se afastou, e - às 16:16 - deixou-a só, com o silêncio e a cadeira vazia a sua frente.
▪ Num espaço de três minutos - I
▪ Num espaço de três minutos - II
(E, sim, voltei. [...] Acho.)
As pessoas passavam pra lá e pra cá ao lado da janela do café, andando sempre muito depressa. Ela inclinava a cabeça para trás, numa tentativa sabidamente tola de fazer as quase-lágrimas voltarem para dentro dos olhos. Não funcionava.
A outra se levantou de cabeça baixa, pensou em pousar a mão sobre a dela, mas achou melhor não. Se virou devagar e com um certo pesar na face, como quem sabia a dimensão da ferida que causava e pedia perdão com o olhar; se afastou, e - às 16:16 - deixou-a só, com o silêncio e a cadeira vazia a sua frente.
▪ Num espaço de três minutos - I
▪ Num espaço de três minutos - II
(E, sim, voltei. [...] Acho.)
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