terça-feira, 24 de novembro de 2009

Inclusão Digital

- Mãe, de quanto é a sua internet?
- Ah, eu pago vinte nove real.

domingo, 1 de novembro de 2009

Como arde, sô!

E a gente vai cantar o mais alto que der
Ninguém vai poder nos convencer
De mãos dadas e de pé, até o mais longe que der

E enquanto eles tentam nos derrubar, nos ofender
Nada pode nos deter
A gente sabe que vai arder

domingo, 25 de outubro de 2009

Limpando a poeira e recolhendo as teias de aranha.

É sempre o extremo que nos inspira.
O ser humano só produz, em geral, ou quando está MUITO triste ou quando está MUITO feliz.

Eu ainda acho que a tristeza dá origem às coisas mais belas. Ideia que a gente adota no segundo ano do ensino médio, quando o professor de literatura começa a te apresentar Álvares de Azevedo e outras meia dúzias de pessoas que passaram um século inteiro choramingando. Eu tenho um pouco disso: me inspiro MUITO quando estou chateada, pêdavida, triste, vazia.

Hoje eu estava lembrando do meu aniversário de dezenove anos. Eu estava em Ibitipoca com um grupo de amigos, tínhamos andado uma dia INTEIRO pra chegar numa cachoeira e quando finalmente chegamos, começou a chover HORRORES. Enquanto todo mundo procurava um lugar pra se esconder, eu - sem perceber - abri os braços e continuei andando devagar, rosto erguido. Isso foi num momento da minha vida em que eu estava começando a conhecer o mundo através de outros olhos; eu estava num lugar lindo, acumulando experiências maravilhosas, conhecendo pessoas e lugares novos... e daí a chuva, munha gente? Quando os pingos de chuva batiam na água cor de coca-cola da cachoeira dos macacos, era uma imagem linda, linda. Perdeu quem estava ocupado demais tentando fugir do carinho céu. Carinho, porque quando a chuva batia em mim, que estava sentindo uma sensação indescritível de liberdade e crescimento, eu sentia como se estivesse sendo acariciada.

Sei lá por que alguém se irritou e gritou: "Porra, Anna, pára com a cena, abaixa esses braços".

E foi aí que eu decidi selecionar mais quem eu vou deixar entrar (e ficar) na minha vida, na minha história. Eu quero pessoas que me deixem abrir os braços na chuva. Porque taí Gene Kelly que não me deixa mentir: A chuva é vida em pequenas doses. Eu quero pessoas que não se importem se alguém escreveu com catchup num bolo de chocolate. Eu quero pessoas que tolerem.

Eu não sei porque você foi dormir amiga e acordou amarga, mas eu não preciso disso. Estava precisando retirar as teias de aranha daqui e ao reler seu e-mail pela décima vez - e finalmente acreditando que eu não me importo com o que foi dito - me inspirei e o fiz. O extremo, eu disse. Peça que salvem um pedaço sem catchup pra você.

E... have a good life.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Corton-Charlemagne

No meu mundo perfeito eu e você fugiríamos e passaríamos quarenta e duas horas e vinte e oito minutos trancados num quarto não muito apertado, com as paredes pintadas de azul clarinho e estrelas que brilham no escuro coladas no teto. Nós ouviríamos pink floyd, comeríamos pizza com as mãos e conversáriamos sobre o tempo. Isso tudo bebendo vinho, sem parar. Você diria que o vinho me faz falar mais que o normal (como se isso fosse possível) e eu diria que você, com os cabelos pro lado fica ainda mais linda (como se isso fosse possível).

Mas você não gosta de vinho.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Questão de Interpretação

Algumas coisas nunca mudam, é verdade.

A prefeitura da cidade extinguiu o restinho de história que havia. Eu acendi um cigarro. Eu estava errada sobre o quê, afinal, havia permanecido igual.

Eu não cresci, nem quero - já disse ali em baixo. Vivo muito bem com cada escolha que eu fiz. Na minha birra não existe resquício algum de arrependimento (não sei bem por quê, mas isso precisava ser dito). Só é foda. Sabe? É foda não saber explicar nem indiretamente e nem com todas as letras, nem pessoal nem impessoalmente. Não quero nem tentar, também, porque sempre vai haver dezoito lados pra serem ouvidos, e dezoito chances a serem dadas... Isso me cansa.

Acho que no fim a única coisa realmente imutável é eu ainda babo no travesseiro quando durmo. Também, não é pra menos... os dias tês sido cada vez mais cansativos e as pessoas cada vez mais complicadas. É só.

No meu mundinho, na minha cabecinha isso é muito errado. E quer saber? Pra mim basta. Porque era nessa mesma cabecinha e nesse mesmo mundinho que um dia nós fomos melhores amigas.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Teste de elenco.

O fato de eu ter ficado pelo menos uns quinze minutos tentando me lembrar a palavra em português para "overcome" me fez perder todo o raciocínio. Na verdade eu perdi o raciocínio quando ouvi o barulho das correntes se arrastando no chão... eu vi a moça fechando o último cadeado e ao seguir a corrente menor e mais delicada fui parar nos seus pés. Não vou dizer que reconheci seus pés; reconheci foi seu jeito único de tirar o cigarro da boca. Eu estava tão despreparada pra você que vi seu rosto mas não consegui entender direito seus traços. Deve ser por isso que você me pareceu diferente, mas não é você... eu estou, o mundo está, mas você ainda tira o cigarro da boca do mesmo jeito.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Com a Mente e o Martelo

Trocar duas esfihas e "uma fritas" por uma caipirinha é pra quem pode, não pra quem quer.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Não Há Irregularidade

Tópicos aleatórios sobre a última semana:

1) A Maldição do Futebol
Futebol é uma coisa muito filha da p*. Meu conselho à todas as três pessoas que visitam esse blog é: NÃO ACOMPANHEM FUTEBOL. Porque se você começar, tá fodido. Eu me lembro de um tempo lindo na minha vida quando eu achava que área era todo o perímetro do campo, ibson era uma marca de liga neutra pra fazer sorvete caseiro e volante era aquele negócio que a gente usa pra dirigir o carro. PRA QUÊ que eu fui aprender o que é um tiro de meta, gente... Sério.

2) PROCON
Nada mais revoltante e nada mais tapa-na-cara do que a fila do PROCON. Sério, ver toda aquela quantidade absurda de gente esperando pra reclamar me faz ter CERTEZA de que não tem serviço bem oferecido nesse país. NÃO TEM. Aquele bordão de ser brasileiro é não desistir nunca e blablablá fez tanto sentido pra mim ontem... Porque eu não vou dar o braço a torcer pra PORCARIA do submarino.com. Aliás, quem quiser boicotar essa loja de m*, be my guest!

3) 13 de Abril
Queria dar parabéns à minha vizinha que me emprestou uma jarra pra colocar minhas flores azuis. E à Naty, que me mata de rir fazendo o Mateus equilibrar uma caixa de tic-tac inexistente na cabeça. E à Manaus que me humilha cantando No Doubt. E a Natália que é sem dúvida uma das melhores pessoas que eu já conheci nessa vida. E já que estamos aqui, parabéns também pro Tartá e pro Lou Bega que cantava aquela música chatona que GRUDAAAAAAVA na cabeça da gente. E pra todos os jovens pelo Dia do Jovem(?)

E se ontem foi o dia do jovem, hoje é o Dia Mundial do Café (e sem ele eu estaria babando no teclado nesse momento). Vamo trabalhar então, né? Vamos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Meu Aniversário e "O Casamento do meu Melhor Amigo"

A cena no corredor e o diálogo entre Paul Giamatti e Julia Roberts: Não achei a cena no youtube e o filme vai demorar horas pra acabar de baixar: eu vivo com uma internet de 100kbps (sim!). Engraçadas nossas prioridades hoje em dia, né? Enfim, não me lembro das palavras exatas mas eu sei que ela diz algo como: "Me prende. Pode me prender. Eu não vou reagir." Ela fumava num corredor onde era terminantemente proibido fumar. Mas o foco não é o cigarro, entende?... Ela diz, também: "Eu sou uma pessoa ruim". E isso me veio na lembrança feito um tapa na cara.

Foi mais ou menos quando o Saulo me disse que "Sofrer é fácil. Mas só uma mudança real de atitude pode passar por cima disso." e eu me senti caindo pra trás que nem ela quando Michael abre a porta do quarto, nessa mesma sequência.

Acontece que sempre me parece tarde demais pra uma mudança de atitude. Mas aí eu lembro que a Julianne ARRUINOU um casamento, roubou a van de um buffet, mentiu pra uma família inteira, foi escrotíssima com a Cameron Diaz e no fim das contas não foi tarde demais pra ficar tudo bem e a paramount presentear à todos nós com mais um final feliz-clichê (apesar de quê, metade do pessoal torcia pra Julia Roberts, mas ok);

Pena que a vida não é um filme.

Outro dia tive medo de dizer em voz alta, mas ousei pensar que talvez meu talento pro humor seja simplesmente proporcional à minha felicidade. Eu não disse porque guardando no peito é mais fácil mentir pra mim mesma. E porque meu argumentos me deixam com a sensação de que eu vou explodir e que eu fiz tudo errado a vida inteira e que... AH! Não quero.

Pode ser crise existencial. "A" crise existencial da simbologia desse - e específicamente ESSE - aniversário. Mas não, acho que não. Não sei. É tudo confuso demais, sabe?

E vem desde aqueles cinco minutos pelos quais nunca vou me perdoar. E passam pelo fato de eu ter alergia a gatos, e de eu sumir perto e longe. E de nós três apertados na caminhonete no meio de uma chuva torrencial e eu pensando "é isso que eu quero pra minha vida" pra chegar aqui e fugir de tudo de novo.

Será que eu não tenho conserto? Sim, Saulo, sofrer é fácil. Sim, Drummond, a dor da gente não sai no jornal. Mas e aí? Começa por onde? Pela visita carregando um pedaço de torta alemã? Como se isso fosse lavar pra longe todos os meus arrependimentos, ou sequer adiantar alguma coisa quanto à esse último.

Acontece que todo gesto parece pouco e toda palavra parece falsa e tudo o que eu posso fazer simplesmente não é suficiente depois de todo o vento que eu plantei. Porra, "desabafos de um covarde" que podia ser o título desse post né?

Parabéns pra mim, anyway. BLACK JACK. Já era hora.Bolo, guaraná e muitos doces. Certo?

terça-feira, 24 de março de 2009

"Sometimes there's no one left to tell you the truth"

segunda-feira, 23 de março de 2009

Palavras

Tem como não amá-las? Tenho paixão por elas. Uma paixão louca, incontrolável.

Gosto dos sons, dos significados, das pronúncias. Em todas as línguas que conheço. Amo palavras. Uma das minhas manias solitárias é ficar tentando desvendar mistérios e entrelinhas de poemas, textos, letras de música. Viaaaajo, vou longe.

Palavras são a minha droga. Um vício saudável.
Pensei aqui comigo: vai ver é isso. O destino(?) esperou até eu fazer a escolha certa pra abrir a porta pra mim. Não? Whatever.

Foi só um devaneiozinho desses que vêm logo na transição madrugada-manhã. Vou voltar pra meu Counting Crows... (ouvindo baixinho, baixinho, enquanto organizo milhões de pensamentos que já não cabiam mais em mim)

Adam cantou, agorinha: "It's 4:30 A.M. on a Tuesday"♫ (Perfect Blue Buildings)
Errou por meia hora. São cinco. 5:01. Nem dá mais pra dormir, mas não ligo. Eu desacumulo o sono quando der, sou assim mesmo...

sábado, 21 de março de 2009

Desabafo(?)

- What the fuck is so fucking funny?
- People, man... people.


É impressionante o quanto pessoas podem ser desagradáveis às vezes.
Certas relações andam afunilando minha garganta, sabe como?

Queria saber como me livrar desses nós.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Bagunças Filosóficas

Arrumando a bagunça de fotos, cartas e recortes das suas caixinhas de "tesouros" ela não conseguia parar de pensar: Mas como é que eu vim parar aqui?

Engraçado como as pessoas só percebem a felicidade depois que ela escapou pelos dedos.
"- You made me look skinny"

E não adianta culpar nada, nem ninguém; nem melancias e nem pepinos... Ela está lá agora, arrumando o armário. E pior: está feliz, mas vai demorar pra descobrir. Somos assim, certo?

Além do mais, faxina deprime qualquer um... seriously.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ela se pergunta:

Se ela tivesse ficado ali mais dois minutos... dois minutos... cento e vinte segundos... o que seria diferente? Não há nada no mundo que ela não daria por esses dois minutos.

E ela acha que ela merece isso tudo. E é bem provável que mereça. Porque ela foi embora. Independente das certezas que ela tinha, das desculpas que ela usa. Talvez esses dois minutos...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

About penguins.. again.


E já que toquei no assunto no post anterior, lembrei que eu nunca contei aqui do dia que eu tava voltando de uma noitada no Rio, andando a pé pela orla (de ipanema até o leblon) lá pelas 5 e pouco da manhã, acompanhada somente da namorada de um amigo, que mede 1,52m de altura suicidal way of life e DO NADA vi um filhote de pinguim super cute-cute num balde d'água...

Então.
Foi assim: Eu tava voltando de uma noitada no Rio, andando a pé pela orla (de ipanema até o leblon) lá pelas 5 e pouco da manhã, acompanhada somente da namorada de um amigo, que mede 1,52m de altura suicidal way of life quando assim, DO NADA eu vi um filhote de pinguim super cute-cute num balde d'água... Depois de meia hora fazendo sons típicos de mulheres quando vêem a coisa mais fofa do universo (que dependendo da época do mês e do estado mental da mulher em questão pode ser QUALQUER coisa) a gente seguiu nosso caminho.

Mas a questão é: Como assim? Qual a chance? Um pinguin? Do nada?

Enfim.
Algumas das melhores coisas que aconteceram comigo aconteceram no Rio (sim, incluindo fazer carinho num pinguim). E ainda me perguntam "o que tanto eu quero ir fazer lá"...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

... be my penguin?



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A sorte dos dez.

Era engraçado. Tudo o que era diferenta era engraçado. Ela ainda roía as unhas, ainda falava pouco, ainda tinha vergonha, mas não usava mais Melissa. Usava um tênis com uma sola gigante, tinha vergonha dele também.

Mas aí ela chegou. Toda diferente, mas com um tênis igual. No walkman, os mesmos ídolos. O ésse era xis, mas quem se importa? Ela entendia o incômodo daquela sola tosca. Talvez pelo desajeito de usarem o mesmo tênis os pares de pés nunca se deram muito bem... Se chegarem perto demais, plaft. "O de cima é meu, pô!" Sempre é.

Garota Via Uno, que saudade de você. Tô de volta, por completo, com mais 10 e mais uma letra que só você respeita. Só você entende a simetria e as citações. Só você entende o teatro dos vampiros, e a agenda que até hoje não empoeirou.

Guardo pulseiras, presilhas de cabelo, desenhos, convites à missa de sétimo dia de bichos "de estimação". Eu guardo os anéis, contrariando o "ficam os dedos". Navarro no violão, ninguém entendia. De Pink Floyd à Kiko... bem, eu nunca soube escrever Zambiancchi. A gente entendia.

Meu nome não merece essa homenagem. Sou pouco. Sou um livro de quotations e cafés imaginários. Sou a paixão por você. Sou o paradoxo, o simples, o branco, o liso, o alérgico, o desastrado, o medo de olhar dentro da caixa azul.

Você é a mão estendida. O complicado fascinante, a cor de jambo, a rena, o cacheado, o saudável, o ousado, o GRITO! Grita comigo!

(...)

E elas se completavam, simples assim.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

I hope you're proud up there, dad.

Ela tinha sete anos. Falava alto demais, era desajeitada e sozinha. Lia no recreio (sempre Bruxa Onilda, sabia de cor). Usava Melissa. Na época todo mundo usava Melissa e consequentemente ficava todo mundo com o pé preto; ela tinha vergonha do pé preto. Tinha vergonha de um monte de coisas; entendia quase nada...

Um dia a "tia" chegou na sala de aula com uma caixa nas mãos. Não ia ter ditado, nem teste de fatos, nem desenho pra colorir e colar no envelope de provas; ia ser um dia diferente. A tia se chamava Teresa e equivalia, pra ela e pra toda a garotada, à Professora Helena.

A tia Teresa era uma tia típica de primeira série: chamava os pais de "pai" e as mães de "mãe", conversava com quem chorava porque não tinha mais a esteira da soneca, e tinha uma paciência que só. A tia Teresa estava lá, colocando a caixa em cima da mesa, olhando a turma de rabo de olho, atenta aos rostinhos de interrogação que via nos pequenos. A caixa era uma caixa azul, parecida com uma caixa de sapato, tampada.

Pegando um giz, fazendo-se de desentendida, Teresa ia colocando a data no quadro negro, como fazia todos os dias. Deu boa tarde, ajustou a setinha no relóginho do tempo para "nublado" e ia continuando o ritual diário até que a notou com a mãozinha levantada. Deixou-a falar.

- Tia, o que tem dentro da caixa? - ela perguntou.

A tia olhou pra caixa azul, despretenciosamente.
- O quê? Aquela caixa?

- Uhum. O que tem dentro dela?

E com um tom de "suspense-super-legal", a professora respondeu:
- Ali dentro tem a coisa mais importante do mundo!

Pronto! A garotada empolgada começou a tentar adivinhar e perguntar e rir e falar e pedir pra ver... Nossa! Uma confusão. E então a tia fez um acordo: se todo mundo ficasse quietinho e prometesse não contar pra nenhum colega o que visse dentro da caixa, ela deixaria um por um ir até a mesa e olhar - com muito cuidado! - o que era de tão especial que cabia ali dentro.

Ela dizia: "Não existe nada mais importante e especial do que o que vocês vão ver na caixa. O que tem ali dentro pode mudar o mundo!"

E uma por uma as crianças foram em direção à caixa azul. Elas abriam cuidadosamente o cantinho da tampa e cada uma fazia uma expressão de surpresa maior que a outra quando viam o que havia dentro. Voltavam quietinhas pros seus lugares, algumas com a mãozinha na boca tentando disfarçar uma risada. E a tia Teresa observava de longe o semblante de cada uma delas ao abrir a caixa.

Veio sua vez. Ela ficou parada, olhando praquela caixa de papelão, roendo as pequenas unhas num misto de medo e excitação. Não sabia se queria abrir a caixa. Podia ser qualquer coisa ali dentro! E uma coisa tão importante jamais caberia numa caixa de sapatos. As outras crianças da fila a mandavam andar logo mas ela não saía do lugar. Tia Teresa veio, abaixou-se ao seu lado e disse, delicadamente:

- Não precisa ter medo, Anna. Vem ver.

E levantou a tampa da caixa.
A Anna de sete anos deu então dois passos pra frente e inclinou a cabeça pra olhar lá dentro.

(...)

Não sei como pude ter esquecido dessa história em algum momento da minha vida.
Não sei onde voltei a ser aquela criança insegura, que roía unhas e não acreditava em si mesma.

Eu achava que jamais ia sentir orgulho de mim, ou dar orgulho à alguém. Mas ontem, quando li meu nome lá, me lembrei imediatamente do meu rostinho gordo refletido num espelho colado no fundo de uma caixa azul.

Eu senti orgulho. E entendi.

Eu confiei em mim de novo. Parece ridículo, eu sei. Mas é uma vitória. Uma que eu esperei durante muito tempo. Uma que trouxe à tona uma das lembranças mais bonitas da minha infância. Uma vitória que me fez ter sete anos de novo e me sentir - realmente - importante, especial, e principalmente capaz.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O telefone tocou, do nada.

E tem a ruiva mais complicada que Maquiavel, que na verdade é uma criança perdida tentando desesperadamente se encaixar e pesquisando jargões de direito pra me mandar tomar no cu com palavras "bonitas". A carta é de 10 de dezembro. Abri ontem! Li e ri. I mean... Choquei, fiquei meio triste, mas poxa! Engraçado demais, sério! Talvez seja porque todo mundo avisou: "Anna, essa menina é maluca..." e no fundo eu sabia, entende?! Mas fui deixando. Não deixo mais, também.

Tem o Joel, o Jim Carey. O mundo dá IN-FI-NI-TAS voltas, a gente sempre acaba se esbarrando de tempos em tempos, mas eu ainda acho que I'm never gonna find that "peace of mind" thing. Não importa quantas tintas de cabelo, quantos fretes inúteis de móveis pra lá e pra cá, quantas canetas de tecido, quantas passagens de ônibus, quantos segredos, quantos não segredos. Eu escolhi e, com meu medo desenraizar, fiquei aqui. Desculpa, não devia ter te feito parar com os bilhetes no armário.

Tem aquele blog que adoro tanto. Eu leio e tenho vontade de sair escrevendo palavrões, uma vontade inconsciente de ser igual a ela quando eu crescer. Ou agora. Agora seria melhor. Cheia de respostas. Ou mais perguntas...

Voltando aos palavrões e a todas as coisas que escrevo e ninguém nunca entende: eu queria saber o que senhoras católicas fazem às 4 da manhã numa festa à fantasia. Mas na hora não tive essa sagacidade.

No fim, o fato é que eu nunca vi Chasing Amy. Sabe o nome disso?
IRONIA.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Mad World (!)

Uma pessoa muito querida disse-me uma vez que "what am I doing?" é uma das três questões fundamentais pra se encontrar o equilíbrio.

Descontextualizado assim é foda, mas a conversa inteira é complicada e filosófica demais pra ser reproduzida. Andei pensando nisso por esses dias. Aliás, desde o início desse ano minha vida anda transbordando filosofias (das de boteco às mais socráticas) e parece que quanto mais respostas menos respostas... It's a very very mad world.

Entendi que autocomiseração não leva à p* nenhuma. Se eu ficar pelos cantos martelando o quanto eu sou uma "pessoa ruim" (a partir de um princípio fodido de falso moralismo que só serve pra atrasar a vida da gente) não vivo. E no fim das contas, eu até que não sou má.

E meu subconsciente anda aparentando ser mais inteligente que eu.
Mas tanto faz. E não se fala mais nisso.


Now... Carefully watch as I pretend to have no memory of you.
Zera o relógio.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Now, tell me something I don't know

O fato de eu ter ficado no cantinho da praia sozinha investigando o sumiço das estrelas por pouco mais de três minutos estragou toda uma série.

Eu, meus pensamentos, minhas orações, o colar havaiano que uma das gêmeas (Sophia ou Nathália, nunca sei qual é qual) colocou no meu pescoço. Quando "voltei" de olhar pro céu fiquei até meio tonta.

Agradeci muito, pedi pouco. Estranho, tô nesse clima de onze e cinquenta e nove de trinta e um de dezembro até hoje, até agora. Meu sentimento de pluf. Não aprendi ainda.

Acabou a fita crepe. Acabou muita coisa. Não gosto quando acaba. Não aprendi ainda. Droga...



Fato:
Tô com medo de 2009. Tô encolhida num canto, sem cicatriz de infância, sem fita crepe, sem clichês, sem papel nem caneta, sem matemática...

... sem sentido.